BioAssay 4:6 (2009) | ISSN: 1809-8460 | ||
CONTROLE QUÍMICO |
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André
L. Sanches1,
Marcos R. Felippe1, Alexandre U. Carmo1,
Gabriel R. Rugno1,
Pedro T. Yamamoto1 1Centro
de Pesquisas Citrícolas (FUNDECITRUS), Av. Dr. Ademar
Pereira de Barros, 201,
Caixa Postal 391, Araraquara – SP, CEP 14801- 970. E-mail: andre@fundecitrus.com.br Enviado em: 30/I/2008 Aceito em: 30/III/2008; Publicado em: 20/VIII/2009 Control of Diaphorina citri (Kuwayama) By Trunk Application of Systemic Insecticide in Young Citrus Plant Before Planting RESUMO
- Um ensaio foi conduzido em casa
de vegetação no Departamento
Científico do Fundecitrus de março a maio de 2006
para avaliar a eficiência de inseticidas sistêmicos
aplicados via “drench” em
mudas cítricas para o controle de Diaphorina
citri (Kuwayama). Os tratamentos foram: (1) tiametoxam - PALAVRAS-CHAVE - neonicotinóide, tiametoxam, imidacloprido, Citrus sinensis, hunaglongbing. ABSTRACT
- An
assay
were set up in greenhouse at the Scientific Department of Fundecitrus from march to
may 2006 to evaluate
the efficiency of systemic insecticides
applied via drench in young citrus plant to control of Diaphorina
citri (Kuwayama). The applied treatments were: (1)
thiamethoxam
250 WG – KEYWORDS - neonicotinoid, thiamethoxam, imidacloprid, Citrus sinensis, huanglongbing. Diaphorina citri (Kuwayama) (Hemiptera:
Psyllidae) foi descrito
pela primeira vez no Brasil por Ângelo Costa Lima em 1942 no
Rio de Janeiro (Gravena
2005). Trata-se de um pequeno inseto que mede cerca de Embora relatada há mais de seis décadas no país, psilídeo de citros era considerada uma praga secundária até julho de 2004. Os danos diretos por suas picadas sucessivas e sucção de seiva causavam enrolamento das folhas, retorcimento e engruvinhamento dos brotos impedindo o crescimento normal da planta, mas esses danos não demandavam cuidados especiais para seu controle. Com a confirmação da presença do agente causal do huanglongbing (HLB), uma doença destrutiva de citros, na região de Araraquara, Estado de São Paulo (Teixeira et al. 2005) e sendo a D. citri o vetor da bactéria causadora dessa doença, a praga ganha considerável importância para a citricultura nacional. A doença é causada pela bactéria gram negativa, restrita ao floema, não cultivada, pertencente à subdivisão alfa do grupo Proteobacteria e é o primeiro representante do gênero Canditatus Liberibacter, no qual, três espécies são conhecidas: 1) Canditatus (Ca.) Liberibacter (L.) africanus que causa HLB em países africanos e do Oriente Médio; 2) Ca. L. asiaticus que é o agente causal do HLB na Ásia, em alguns países do Oriente Médio e também na Flórida, EUA; e 3) Ca. L. americanus é um dos agentes causais do HLB no estado de São Paulo, além de Ca. L. asiaticus (Bové 2006). O psilídeo africano, Trioza erytreae (Del Guercio), é o vetor natural do Ca. L. africanus na África, e o psilídeo asiático D. citri, transmite a bactéria Ca. L. asiaticus sob condições naturais na Ásia e na Flórida. Experimentalmente, cada uma das espécies de psilídeos dos citros foi capaz de transmitir ambas as espécies de Liberibacter, o africano e o asiático (Bové 2006). O vetor do HLB no Estado de São Paulo é D. citri que transmite não somente Ca. L. asiaticus, mas também Ca. L. americanus, como demonstrado recentemente por Yamamoto et al. (2006). O tempo mínimo de
aquisição pode variar de 15
a 30 minutos para D. citri e 24
horas
para T. erytreae. A
inoculação pode
ocorrer em menos de uma hora para T.
erytreae. Períodos de latência relatados
podem ser muito variáveis, de 24
horas a 21 dias (Lopes 2006).
As taxas de transmissão por D.
citri também são
variáveis, de O HLB é considerado a doença mais destrutiva de citros no mundo pela severidade dos sintomas, o potencial de progressão da doença e por afetar todas as variedades comerciais. Como métodos de cura para essa doença não estão disponíveis, o controle é preventivo e baseado, no Estado de São Paulo, em três recomendações: 1) eliminação do inóculo por remoção de árvores sintomáticas; 2) tratamentos químicos para reduzir a população do vetor; e 3) eliminação total de Murraya paniculata, o hospedeiro preferido do vetor D. citri (Bové 2006) e também das bactérias Ca. L. americanus e asiaticus (Lopes et al. 2005, 2006). A flutuação populacional desta praga esta relacionada com brotações novas, assim há necessidade de levantamentos populacionais constantes para seu manejo. Gravena (2005) sugere como nível de ação de 10% de ramos infestados para uso de inseticidas registrados de preferência aplicados no tronco, na forma granulada ou como drench , para isso há necessidade de se testar produtos modernos, de baixo impacto ao homem e inimigos naturais, para registro. De
Salvo et
al.
(2006) verificaram que a
aplicação
de imidacloprido via drench, nas doses de 0,7 e Os resultados de um experimento conduzido por Gatineau et al. (2006) em pomares recém implantados, no sul do Vietnã, mostraram que a incidência de HLB 3 anos após o plantio foi de 24% e a população de psilídeos avaliadas quinzenalmente foi significativamente menor para o tratamento com imidacloprido aplicado mensalmente no tronco comparado com o inseticida convencional fenobucarbe que não preveniu a rápida recolonização do pomar pela D. citri e a disseminação do HLB neste tratamento atingiu 74,5%. Benvenga et
al. (2006) avaliaram o efeito de
tiametoxam aplicado via drench ( Em
outro
experimento de campo, também em pomar com dois anos de
plantio Benvenga et
al. (2006),
avaliando e efeito de
pulverizações foliares com inseticidas para o
controle de adultos e ninfas de D. citri,
obtiveram que acefato ( O objetivo deste trabalho foi estabelecer o período residual de inseticidas sistêmicos, aplicados via drench em mudas cítricas em casa de vegetação, no controle de adultos de D. citri. Material e
Métodos
Foi conduzido um ensaio em casa de vegetação no Departamento Científico do Fundecitrus em Araraquara, no período de 13/02/06 a 02/05/06. Foram
utilizadas mudas de laranjeira Pêra [Citrus
sinensis (L.) Osbeck] enxertada sobre tangerineira Sunki (Citrus sunki hort. ex Tanaka), produzidas
em sacolas plásticas para mudas cítricas com A
aplicação dos inseticidas via drench foi
realizada com as mudas ainda nas
sacolas, sendo que sete dias após a
aplicação dos inseticidas realizou–se o
transplante
das mudas para vasos plásticos de Os tratamentos foram: (1) tiametoxam O
delineamento utilizado foi o inteiramente casualisado, com 20
repetições para
cada período de confinamento de psilídeos. Os
confinamentos foram escalonados
em períodos que variaram de 15 a 30 dias após a
aplicação (DAA), Adultos de psilídeos foram capturados em pomares cítricos utilizando-se “sugadores”, feitos com tubo de pipeta descartável conectado à uma mangueira flexível de silicone, sendo que na intersecção entre o tubo e a mangueira coloca- se uma tela fina que impede a passagem dos insetos (Figuras 2 e 3). Para o transporte da D. citri utilizou- se mudas cítricas com auxílio de gaiola confeccionada com tecido tunil. Em cada planta tratada confinou-se dez insetos, aprisionados em único ramo em gaiolas confeccionados com tecido de poliéster (tunil) (Figura 4). Devido à dificuldade para se coletar insetos em número suficiente para fazer as vinte repetições de uma única vez, dentro de cada período foram realizados de dois a três confinamentos em datas diferentes. As contagens do número de psilídeos mortos foram realizadas às 3, 6, 24, 48, 72 e 96 horas após confinamento (HAC). Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo o número de psilídeos vivos por planta transformado em e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. O software utilizado para a análise de variância e teste de comparação de médias foi o ESTAT – Sistema para Análises Estatísticas (V. 2.0) 1.994, desenvolvido pelo Pólo Computacional/ Departamento de Ciências Exatas da UNESP – FCAV Campus de Jaboticabal. A eficiência de controle foi calculada pela fórmula de ABBOTT (1925). Os valores obtidas às 3 e 24 horas após o confinamento foram submetidos à análises de regressão utilizando- se o programa Microsoft Office Excel 2.003, ajustando- se curvas dessas eficiências de controle em função do tempo decorrido após a aplicação, conforme a Figura 1. Resultados e Discussão Pela análise dos dados de mortalidade observou- se uma rápida ação dos inseticidas, nos dois primeiros períodos de confinamento de D. citri. Já as 3HAC observou-se diferença significativa dos tratamentos em relação à testemunha. (Tabela 1). Para
o terceiro período de confinamento, O fato da mortalidade dos psilídeos diminuir com o passar do tempo (terceiro e quarto períodos de confinamento) nas primeiras horas de avaliação, 3 e 6 HAC, muito provavelmente está relacionada à redistribuição do inseticida no interior da planta devido ao seu crescimento e degradação do produto, com isso há necessidade de maior ingestão de seiva pelo inseto para causar sua morte. A
eficiência
de controle dos inseticidas testados alcançou valores de Visando
a
proteção de plantas cítricas contra
cigarrinhas vetoras da bactéria Xylella
fastidiosa Wells causadora da
Clorose Variegada dos Citros (CVC) Yamamoto
et
al. 2005 comprovaram que tiametoxam nas doses de
0,2; 0,3 e Em trabalhos com populações em campo, de Salvo et al. (2006) comprovaram que imidacloprido é eficiente no controle de D. citri e Benvenga et al. (2006) comprovaram que tiametoxam em pomar de 2 anos, com tratamento complementar 35 dias após pulverizações, apresentou redução populacional de no mínimo 94% por um período de 99 dias. Os
resultados obtidos nesse experimento confirmam a viabilidade da
utilização de
inseticidas sistêmicos no controle do psilídeo D. citri em mudas cítricas em
aplicação pré-plantio, ainda no
viveiro, Yamamoto et al. (2005) comprovaram a eficiência dos mesmos inseticidas, doses e método de aplicação no controle de cigarrinhas vetoras de X. fastidiosa e nesse trabalho confirmou-se a eficiência no controle do vetor da bactéria que causa o HLB. Portanto, com uma mesma aplicação pode-se controlar dois grupos de vetores de bactérias de citros. O período de controle adotado pela maioria dos citricultores para continuidade do controle dos vetores em campo é de 90 dias, inferior ao período de controle definido para Oncometopia facialis (Signoret) um dos vetores da bactéria X. fastidiosa (Yamamoto et al. 2005). Esse período foi adotado para maior segurança e diminuição da chance de transmissão da bactéria. Pelos dados obtidos no presente experimento, que se estendeu até aos 80 dias, esse mesmo período pode ser adotado sem prejuízos em termos de controle do vetor e provavelmente de transmissão da bactéria Ca. L. americanus e asiaticus, transmitidos por D. citri (Yamamoto et al. 2006, Capoor et al.1967). Literatura Citada
Abbott, W. S. Lopes, J.R.S. 2006. Vetor
da
transmissão de Candidatus
Liberibacter spp. In:
Proceedings
of the Huanglongbing – greening International Workshop, 1.,
Ribeirão Preto:
Fundecitrus, 2006. p.34. |