BioAssay 6:2 (2011) | ISSN: 1809-8460 |
CONTROLE BIOLÓGICO |
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Rodrigo
Soares Barreto1,
Edmilson
Jacinto Marques1, Manoel Guedes
Corrêa Gondim Junior1,
José Vargas de Oliveira1,
Hugo José Gonçalves dos Santos Junior2,
Josinélia Fernandes Ferreira1 1DEPA/Fitossanidade/UFRPE.
Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos 52171-900,
Recife, PE. Enviado em: 05/XII/2009 Aceito em: 08/XII/2010 Publicado em: 04/V/2011 Effect of Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. and Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. on predatory mite Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma (Acari: Phytoseiidae) ABSTRACT -
The
association of natural
enemies is an alternative for the management of pests. The aim of the
study to
evaluate the effect of entomopathogenic fungi on the females of Iphiseiodes zuluagai.
For this, we used the isolates 645 of Beauveria
bassiana and CG 321 Metarhizium anisopliae,
in the
concentration of
108 conidia/mL. The treatments consisted of leaf
disks of Canavalia ensiformes
immersed in their
suspensions. To feed the predators were used eggs of Tetranychus
urticae and pollen of castor bean. The results
demonstrate the viability of the association of natural enemies, since
the
isolates caused mortality of less than 36% of I.
zuluagai.
RESUMO - A
associação de inimigos
naturais é uma alternativa para o manejo
fitossanitário de pragas. Dessa forma,
objetivou-se avaliar o efeito de fungos entomopatogênicos
sobre fêmeas de Iphiseiodes zuluagai.
Para isso, foram
utilizados os isolados 645 de Beauveria
bassiana e CG 321 de Metarhizium
anisopliae na concentração de 108
conídios/mL. Os tratamentos
foram constituídos por discos foliares de Canavalia
ensiformes imersos nas respectivas suspensões.
Para alimentação dos
predadores foram utilizados ovos de Tetranychus
urticae e pólen de mamoneira. Os resultados
demonstram a viabilidade da
associação dos inimigos naturais, uma vez que os
isolados causaram mortalidade
inferior a 36% de I. zuluagai.
Palavras-chave:
Fungos entomopatogênicos, ácaro
fitoseídeo, seletividade.
Os
ácaros predadores são considerados
excelentes inimigos naturais no controle de ácaros
fitófagos, entre estes
agentes naturais, as espécies pertencentes à
família Phytoseiidae merecem
destaque por apresentarem resultados promissores em diversos sistemas
de
produção, estando ainda distribuídos
em todas as regiões do país (Moraes, 1992; Sato et
al., 1994; Gouvea
et al., 2007). Uma
das
características
mais importantes destes predadores é o baixo requerimento
alimentar,
apresentando boa sobrevivência quando a densidade da presa
é baixa, além de
utilizar na dieta outros alimentos, como pólen e
excreções de insetos (Moraes,
1991). No
Brasil, entre os fitoseídeos as
espécies Euseius concordis
Chant, Euseius citrifolius Denmark
& Muma,
e Iphiseiodes zuluagai Denmark
&
Muma, merecem destaque devido ao elevado potencial biótico
como inimigos
naturais (Sato et
al., 1994; Ott et al., 2007). Dentre estes, a
espécie I. zuluagai é
relatada em diversas
culturas, tais como: café, citros, mandioca, seringueira e
erva-mate (Pallini
Filho et al., 1992; Bellotti et al.,
1987; Rodrigues et
al., 1996; Reis et al., 2000;
Feres et
al., 2002; Gouvea
et al.,
2007), tendo como principais
presas os ácaros fitófagos de diferentes
famílias como Tenuipalpidae,
Eriophyidae (Gravena, 1993)
e Tetranychidae (Bellotti et
al., 1987). Dentre
as pesquisas realizadas com I.
zuluagai verifica-se estudos relacionados com
parâmetros biológicos (Reis
et
al., 1998; Yamamoto
& Gravena,
1996; Gondim Jr e
Moraes, 2002); seletividade de
agroquímicos (Santos
&
Gravena, 1995; Santos
& Gravena, 1997; Reis
et
al.,1998; Reis
& Souza, 2001) e estudos populacionais
(Reis et al.,
2000; Ott et
al., 2007). Apesar
do potencial de I.
zuluagai no âmbito do controle biológico
nota-se a necessidade da
realização de pesquisas para avaliar o potencial
destes inimigos naturais com
outros agentes de controle biológico, tais como os fungos
entomopatogênicos, os
quais têm sido relatados infectando ácaros da
subordem Mesostigmata (Chandler et al.,
2000). Nos
últimos anos infecções de
ácaros da
família Phytoseiidae por fungos têm recebido
considerável atenção (Van der
Geest et al., 2000). Furtado et al.
(1996) relataram pela primeira vez
o fungo entomopatôgenico Neozygites
sp. sobre E. citrifolius, predador
de Mononychellus tanajoa Bondar no
Sul e
Sudeste do Brasil. O mesmo foi relatado por Elliot
et
al. (2000) que verificaram o impacto de Neozygites
floridana Fisher, sobre populações do
ácaro predador Neoseiulus idaeus
Denmark & Muma. Hountondji
et
al. (2002) avaliaram
o
efeito do fungo N. floridana sobre
E. concordis e E.
citrifolius na África, e não
constataram patogenicidade deste
fungo para estas espécies de predadores. Portanto
estudos de seletividade aos
inseticidas microbianos serão importantes, visto que, se
conhece muito pouco
sobre o assunto, e também devido à possibilidade
de utilização de fungos
entomopatogênicos no controle de ácaros
fitófagos (Alves et al.,
2002; Oliveira et al.,
2002; Shi e Feng, 2004).
Alves (1998) comentou
que um maior
entendimento do
efeito do uso de inseticidas microbianos sobre os inimigos naturais,
aumentará
o êxito dos programas de manejo integrado de pragas. Assim, o
objetivo deste
trabalho foi verificar os efeitos causados por isolados de B. bassiana e M.
anisopliae sobre I. zuluagai,
em
laboratório. Material e Métodos Os
experimentos foram realizados no Laboratório de Patologia de
Insetos da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife - PE.
Durante os
experimentos, a temperatura e a umidade relativa foram registrados em
termohigrógrafo. Criação
do ácaro-rajado. Adultos de Tetranychus
urticae Koch foram
criados em
plantas de Canavalia ensiformes (L.) cultivadas em
casa-de-vegetação.
Após a abertura completa do primeiro par de folhas
cotiledonar, fez–se a
infestação, com T.
urticae oriundos
da criação do laboratório. Dessa forma
foi possível fornecer ovos do
ácaro-rajado como alimento para I.
zuluagai durante a realização dos
experimentos. Criação
do ácaro predador. Adultos de I.
zuluagai foram obtidos no campo, em plantas de citros, e
criados em
laboratório conforme metodologia adaptada de Reis &
Alves (1997). Foram
confeccionadas arenas com disco plásticos, com 7 cm de
diâmetro, flutuando em
água em uma placa de Petri de 10 cm de diâmetro.
Em cada arena foi colocado um
pedaço de lamínula sobre fios de
algodão, para abrigo e local de postura e
sobre outra lamínula foi colocado pólen de
mamoneira Ricinus commuris (Linn)
como alimento, o qual foi trocado a cada
cinco dias. A criação foi mantida em B.O.D. a 26
± 1º C e fotofase de 12 h. Obtenção
e
produção dos isolados dos fungos. Foram utilizados os
isolados CG 321 de M. anisopliae e
645 de B. bassiana provenientes da
coleção do
Laboratório de Patologia de Insetos da Área de
Fitossanidade da UFRPE, os quais
foram selecionados devido à patogenicidade comprovada ao
ácaro verde, M. tanajoa
(Barreto et
al., 2004). Os
isolados foram revigorados em lagartas de terceiro ínstar de
Diatraea saccharalis
(Fabricius). Por
ocasião dos bioensaios, foram repicados em BDA + A
(Batata-dextrose-ágar +
Sulfato de estreptomicina) e, após sete dias, multiplicados
em BDA + A e
incubados em câmara climatizada tipo B.O.D. a 26 ±
Viabilidade
dos isolados de M.
anisopliae e B. bassiana. A viabilidade dos
isolados foi avaliada por meio de
duas placas de Petri contendo BDA + A, nas quais foram colocados 0,1 mL
de
suspensão contendo 108
conídios/mL, espalhando-se com alça de
Drigaslky. As placas foram incubadas em câmara climatizada
tipo B.O.D. a a 26 ± Efeito
dos isolados
fúngicos sobre o ácaro. As
suspensões foram preparadas a partir de placas de
Petri contendo meio de cultura com os entomopatógenos,
adicionando-se 15ml de
água destilada esterilizada mais espalhante adesivo Tween®
Arenas foliares foram
confeccionadas utilizando-se discos de folha de feijão de
porco, C. ensiformes, com 3,5 cm de
diâmetro,
de plantas com 20 a 30 dias de idade. Em seguida, foram inoculadas com
os
entomopatógenos por meio de imersão durante cinco
segundos em 20 mL da
suspensão. Posteriormente, os discos foram secos durante
vinte minutos em
câmara de fluxo laminar. Em cada arena foi colocado um
pedaço de lamínula de
microscopia sobre fios de algodão, para abrigo e local de
postura e sobre outra
lamínula uma pequena quantidade de pólen de
mamoneira e ovos de T. urticae como
alimento para os ácaros,
os quais foram obtidos da criação estoque mantida
em laboratório; as arenas
foram trocadas após cinco dias. Oito fêmeas
recém emergidas de I. zuluagai
foram transferidas da
colônia estoque para cada disco de folha, através
de um pincel. Os discos
foliares foram acondicionados e centralizados em alfinete previamente
fixado
através de cola quente (silicone), em placas de polietileno
com 9 cm de
diâmetro e 1,5 cm de altura, contendo 30mL de água
destilada que serviu como
barreira física, para os ácaros e,
manutenção da turgescência dos discos
foliares, sendo o nível de água verificado
diariamente. Em seguida, as arenas
foram acondicionadas em câmara climatizada tipo B.O.D a 26
± 1° C, 75 ± 5% de
UR e 12 h de fotofase. No quinto dia de avaliação
as folhas foram trocadas para
garantir a qualidade do substrato. As avaliações
foram feitas diariamente
durante 8 dias, onde foi observada a porcentagem de mortalidade. Os
ácaros
mortos foram transferidos para câmaras úmidas e
mantidos à temperatura de 26 ±
1° C, 75 ± 5% de UR e fotofase de 12h para
confirmação do agente causal. O experimento foi
efetuado em
delineamento inteiramente casualizado, constando de 3 tratamentos com 8
repetições. Cada parcela foi composta por 8
ácaros (fêmeas), totalizando 64
ácaros por tratamento. Os dados foram submetidos
à análise de variância
empregando-se o programa SANEST versão 3.0, e as
médias comparadas pelo teste
de Tukey (P=0,05). Resultados e Discussão Efeito dos isolados fúngicos sobre o ácaro. A viabilidade de conídios para os isolados de B. bassiana e M. anisopliae utilizados nos experimentos foram superiores a 95%. O isolado 645 de B. bassiana proporcionou percentagem de mortalidade total de 35,94 % e porcentagem de mortalidade confirmada de 32,81 %. O isolado CG 321 de M. anisopliae apresentou percentagem de mortalidade total de 42,19 % e mortalidade confirmada de 35,94 % (Tabela 1). Esses
resultados evidenciam que os
isolados foram patogênicos para I. zuluagai. Por outro lado, Silva (1980)
constatou seletividade de Hirsutella
thompsonii (Fischer) sobre o ácaro predador Iphiseiodes quadripilis (Banks) na
cultura de citros, demonstrando
que o fungo utilizado pode interagir beneficamente com I.
quadripilis. Jacobson et al.
(2001) estudaram a
patogenicidade do produto Naturalis-L (Troy
Biosciences Inc, USA) a base de B.
bassiana sobre o fitoseídeo Amblyseius
cucumeris Oudemans em laboratório e
casa-de-vegetação, não constando
efeito
do micopesticida, deste modo, sugeriram sua
utilização em programas de controle
biológico de Frankliniella
occidentalis
Pergande, em associação com o predador A.
cucumeris. Moraes e
Delalibera
Jr. (1992) avaliaram a patogenicidade de Neozygites
sp. sobre os predadores Amblyseius idaeus Denmark
& Muma e Amblyseius
limonicus Garman & McGregor e sobre o
ácaro verde da mandioca Mononychellus
tanajoa Bondar,
verificando que o fungo não afetou os ácaros
predadores, apresentando
mortalidade abaixo de 1,0%, enquanto a mortalidade de M.
tanajoa variou
de 70,0 a
81,0%. O
efeito de B. bassiana e M. anisopliae
sobre outras famílias de ácaros também
foi registrado por outros autores. Kaaya
et al.
(1996) encontraram
mortalidade de 30 e 37 %, trabalhando com M.
anisopliae sobre adultos de Rhipicephalus
appendiculatus Neumann e Amblyomma
variegatum Fabricius. Resultados semelhantes foram
encontrados por Oliveira et al. (2002), com diferentes
isolados de B. bassiana, na
concentração 108 conídios/mL,
sobre o ácaro vermelho Oligonychus
yothersi McGregor, obtendo
índices de mortalidade total, de 77 a 98% e mortalidade
confirmada de 19 a 75%. Alves et al. (2002)
trabalhando com o isolado 447 de B. bassiana na
concentração 1 x 108
conídios/mL, e o ácaro T.
urticae verificaram uma percentagem de mortalidade de 75%. As
mortalidades ocasionadas ao ácaro predador I.
zuluagai pelos isolados de M.
anisopliae e B. bassiana registradas
nesse trabalho, foram menores do que aquelas constatadas para as
espécies
fitófagas O. yothersi e T. urticae, por diversos autores, conforme
consta nessa discussão. Desta forma, do ponto de vista de
seletividade,
acredita-se na possibilidade da utilização desses
fungos também para o controle
de ácaros fitófagos, uma vez que os mesmos
mostraram-se menos agressivos ao
predador. Portanto é necessário aprimorar este
estudo, para definir a
concentração adequada de cada isolado, assim como
estudos de interação destes
inimigos naturais (ácaros predadores e fungos
entomopatógenos) com as espécies
de ácaros fitófagos. Conclui-se
que os isolados CG 321 de M. anisopliae
e 645 de B. bassiana na
concentração de 108
conídios/mL são patogênicos a I. zuluagai. Literatura Citada Alves, S. B. 1998. Fungos entomopatogênicos, p. 289-381. In Alves, S. B. (ed.), Controle microbiano de insetos. Piracicaba, FEALQ, 1163p. Alves, S. B., L.S. Rossi, R.B. Lopes, M.A. Tamai & R.M. Pereira. 2002. Beauveria bassiana yeast phase on agar medium and its pathogenicity against Diatraea saccharalis (Lepidoptera: Crambidae) and Tetranychus urticae (Acari: Tetranychidae). J. Invertebr. Pathol. 81: 70-77. Barreto, R.S., E.J. Marques, M.G.C. Gondim Jr & J.V. Oliveira. 2004. Selection of Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. and Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. for the control of the mite Mononychellus tanajoa (Bondar). Sci. Agric. 61: 659-664. Bellotti, A.C., N. Mesa, M. Serrano, J.M. Guerrero & C.J. Herrera. 1987. Taxonomy inventory and survey activity for natural enemies of cassava green mites in the Americas. Insect Sci. Appl. 8: 845-849. Chandler, D; G. Davidson; J.K. Pell; B.V. Ball; K. Shaw & K.D. 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